Ninguém viu a cena inusitada.
Josélio com a garganta aberta.
Zélia Bella com a mão ensanguentada.
Desse buraco o sangue jorrava.
Faca no chão, respingos na janela.
E a multidão que se aglomerava.
Clamava justiça e declaração de Bela.
Todos a olhavam com desprezo.
Tinham certeza de que fora Zélia.
O desenho da pintura sem o zêlo.
Mostrava tudo, arma, provas e Ela.
Enquanto o preconceito aumentava.
E as pessoas se enchiam em desespero.
Ela se dirigiu tranqüila ao meio.
E pediu um instante a palavra.
"Amei, José como a nenhum outro.
Mas isso nunca foi o suficiente.
E só deus sabe quanto tesouro.
Perdi nas mãos deste delinqüente."
" Mas o pior está por vir,
Pois se parece que sou culpada.
Digo a quem quiser me ouvir.
Dessa morte não devo nada".
" Josélio devia até a alma.
E não sabia como pagar.
Preferiu de forma errada.
Com sua vida exterminar."
"Vendo a cena acontecer.
Corri para tentar evitar.
Mas não consegui conter.
E sua morte vi chegar."
"Naquele momento decidi.
Que minha vida hei de tocar
Para não ter que repetir.
O que Joselio fez no bar."
E ainda por cima hei de sentir.
Que por Joselio só fiz foi AMAR.
Daniel Bronzeri Barbosa (24/11/2010)