terça-feira, 21 de dezembro de 2021

A Ele Cê

Em outras disciplinas
Entreguei texto em (pretensa) poesia
E me sentiria deficitário
Se cá entregasse um sumário
Tanto descobrimento e inspiração
Pra não ser uma exposição
Me nego em apenas entregar
Um texto onde não possa me expressar
Enquadrado pela ABNT
Que não possa entreter
Prefiro estudar mais um semestre
Com tão nobre mestre
Que faz da música história
Em noites de doce oratória
Pontuando, pautando explicando
Tocando, discutindo e musicando
E de um aprendiz de lazer e turismo
Me vejo num antropofagismo
E diferente do experimento gastronômico
Fugindo do filme pop astronômico
Ou da literatura litúrgica ou fantástica
Prefiro a torta matemática
Da música, que não te dá opção
Te invade os sentidos, o coração
Cria gatilhos sem sentidos
Memórias, lembranças, zunidos...
Que te faz cantarolar músicas mundanas
Ou uma propaganda das pernambucanas
Onde na porta te bate o seu frio
Pra te vender um cobertor vadio
E assim te lembrar de seu avô.
Pois se não tiro nota crio Amor.

DBB

terça-feira, 7 de dezembro de 2021

O mundo se esvai no virtual

Nos perdemos no mundo.
Como um grande fractal.
Numa onda recorrente.
Num mundo virtual.

Andamos como monstros
Em uma Notre Dame digital
Não ligamos pro nosso entorno.
Desde que a curtida venha no final.

Sonhamos com a reação.
Mas falta coragem fraternal.
Estamos quebrados por dentro.
Mas a pose chama a curtida o "legal".

E os poucos que ainda ingênuos.
São preteridos numa rua vicinal.
A vida líquida assusta as escolhas.
Ninguém acorda do sonho mortal.

A dancinha do tiktok
O mimimi na dor do outro com risada viceral.
Por não ser do seu padrão,
Por não ser igual.

O culto a beleza lancinante.
Namorados, isolados e um rebento esquecido.
A morte cultuada em notícia de jornal.

A vida que se esvai com o tempo.
O contra vacina, a terra termina.
E a meritocracia é desigual.

Quero a ex-cola

Quero um tempo pra saber quem sou.
Quero um espaço pra saber onde vou.
Quero a massa de quem me pesou.

Quero o volume que me restou.
Quero a pressão que atenuou.
Quero o calor de quem nunca Amou!

Quero contato físico.
Quero atrito.
Quero ação e movimento.

Quero construir uma química.
Quero sorver seu líquido
Quero respirar seu ar.

Quero uma boa temática.
Quero somar pra multiplicar.
Quero dividir e potencializar.

Quero fazer nossa história.
Quero decorar seu número.
Quero te ligar até o amanhecer.

Quero conhecer sua geografia.
Quero pousar em sua ilha.
Quero visitar seu istimo.

Quero mexer com sua filosofia.
Quero desvendar seu pensamento.
Quero ser crítico a cada momento.

Quero estragar ainda mais minha escrita.
Quero dois dedos de poesia.
Quero verbo e muitos predicados.

Quero arte e atuação.
Quero pintura, textura, cor.
Quero achar sua bissetriz

Quero esporte e bagunça.
Quero bola, rede cesta.
Quero campo aberto, pista livre.

Quero que me tire.
Quero que me avalie.
Quero que não me falte.

Quero intervalo e banheiro.
Quero recreio, pátio e lanche.
Quero bater papo como antes.

Quero, quero, quero...
Mas quase nunca me dedico!


de tanto

De tanto mentir, acredito.
De tanto esconder, omito.
De tanto fingir, nem digo.
De tanto fugir, persigo.

De tanto correr, suspiro.
De tanto perder não ligo.
De tanto sofrer, deprimo.
Do adoecer, sorrindo.

E quando estiver saindo.
Não me procure no limbo.
Eu quero viver sozinho.
De tanto esquecer, que sinto.

De tanto levar...