Poderia ser também a moda de "taguear" tudo... Seja com hashtag, cerquilha, quadrado ou jogo da
velha... Sim, pode pular que lá vem textão do DB Tilzão (com L mesmo).
Minha intenção inicial nessas
linhas era falar do que vi, ouvi, toquei e provei na CES'2020. Mas o tempo urge
e percebi que tenho algo a dizer um pouco antes. Pode ser mais do mesmo, mais
um a falar disso, mas acho que preciso seguir a linha já discutida outras vezes
e falar da digitalização do cotidiano, do dia a dia, desde o trabalho (45% do
meu tempo) ao lazer.
Com isso atrasarei em alguns dias a
descrição da CES pra falar de futurologia, percepções e achismos de um tiozão
(agora com o) de meia idade (ou seria meidade).
Primeiro gostaria de deixar claro que
inovação e futuro não é só coisa de jovens, milenials ou da última geração (ou
até é se você entender que a prerrogativa para receber uma dessas tags não é a
idade, mas sim o espírito e a vontade de ser...). Eu posso não estar "rushando" em uma "rankeada" de Fortnite, mas conheço
e aprendo tanto quanto os extremely
gamers de hoje em dia e bastante COM eles!
Explicações introdutórias a parte
vamos ao que interessa (pelo menos a mim) a vida digital é um saco! Opa! Um
minuto! Como assim? É, a vida digital é um saco quando as pessoas são um saco,
assim como a vida analógica é um saco quando as pessoas são um saco! Em resumo
as pessoas sendo um saco, sacaneiam qualquer vida!
A mudança geracional me parece ser mais
uma vez complicada, pois em todos os setores existe uma dificuldade, um
protecionismo gigantesco de que o que me é favorável é melhor. As pessoas se
cercam só do que gostam e nisso os algoritmos de felicidade das redes sociais
potencializam pois são diretos e certeiros, com uma precisão milimétrica, dando
a falsa impressão de que o mundo está colaborativo. Porém quando saímos da
bolha percebemos que está mais odioso, conservador e burocrático.
Nas empresas por exemplo, a
distribuição de afazeres ainda é departamentalização, a área fiscal, a
jurídica, a comercial, a operacional, o RH (que chamam de Gente e Gestão ou o
marketing que seja mas não deixa de ser RH com roupagem diferente, né mãe), TI
e assim por diante. Cada um vive no seu mundinho e “ai de você” que queira
invadir esse mundinho sem uma abertura de chamado, requisição protocolada em
duas vias com a chancela do seu superior mais superior e preferencialmente
usando o último sistema implementado por eles, mas não informado.
Vende-se uma cultura de agilidade
(confundida com metodologias de prateleira) mas no fundo cada um defende seu
feudo. Discute-se muito a necessidade de desenvolver líderes, mas com pouca
profundidade e ignora por exemplo que o líder precisa desenvolver seus
liderados, que precisa participar e ser envolvido no treinamento de liderança
como mentor e executor, para assumir o lugar de fala, ser exemplo e dar exemplo,
“ora ora, mas que absurdo um gerente ou diretor que pare dois ou três dias para
fazer o papel que RH faria...”. A contratação de gente (outro papel do RH) é
muito mais eficiente quando o requisitante participa de todo o processo, não
com exclusividade ou isolado, sozinho, mas PARTICIPANDO, colaborando intensa e
constantemente para aumentar a assertividade da contratação. Mas como mexer no
feudo do RH, ops de Gente e Gestão...
Na TI temos mais casos dessa “invasão
de propriedade”, se você tem profissionais que entendem um mínimo de banco de dados,
BI, ou mesmo sabem fazer um código ou desenvolver uma ferramenta X para
automatizar Y isso é um absurdo, até
usariam a palavra ultrajante, mas como “entrega” a idade do interlocutor ficam
apenas no absurdo mesmo. O mundo é digital (é mesmo, Sherlock), dominar
linguagens de programação está virando o básico, ensino fundamental para
qualquer pessoal ainda mais se estamos falando do campo de trabalho, mesmo profissionais
da saúde e de humanas aprendem e usam ao menos das lógicas de programação. A
evolução das coisas e a graça está nisso aqui, em amplificar o uso da tecnologia,
não quer dizer que uma pessoa que faz um sistema para distribuir contatos,
entrada e tabulação de dados seja um programador expert e sua ferramenta
precise ser tutelada pela área de TI. Quem escreve no editor de texto não é um
escritor, poeta, romancista ou documentarista e precisa enviar para uma
biblioteca revisada, bem como quem usa apresentações multimídia não é um
profissional do marketing, formado em publicidade e propaganda, muito menos
quem faz uso de planilhas de cálculo, com suas fórmulas miraculosas, tabelas
dinâmicas e gráficos multidimensionais não é um expert da matemática, contador
ou financeiro. As ferramentas vieram para difundir conhecimento, AJUDAR NO COTIDIANO, para possibilitar
o crescimento. Mas parece que a atuação de certas áreas fica apenas no discurso
e infelizmente nas empresas existe um distanciamento muito grande da direção,
do alto escalão que houve esse discurso ágil com a base da pirâmide, a
operação, os analistas, que são cerceados (embora alguns tenham atitude de
digitalizar mesmo sem a frente deles). E os feudos vão tomando conta desse
entremeio.
Poderia citar qualquer outra área
que não aceita ter suas "função" subtraída, ou compartilhadas com
outras, o SAC e sua exclusividade de atender o cliente, a central de compras
que só compra, não afere qualidade, custo x benefício ou discute a necessidade
de seus clientes internos, poderia passar pelos PDVs e sua exclusividade de
vender e a agora eterna briga com o robô do e-commerce que vende sem
descanso... Mesmo a operação (onde me encontro exercendo funções hoje) tem suas
prerrogativas de exclusividade, hora evitando o "plug" de empresas
externas, ora com o chamado para atender A, B ou C que precise de seus
préstimos ou apenas de uma orientação.
A vida digitalizou, é isso, só tem
volta em um cataclismo digital, mas as pessoas ainda estão muito relutantes, a
geração anterior está no alto escalão e subindo muros para se proteger da nova
geração que salta de ônibus voadores com roupinhas compradas na playstore para
seus animatronics.
Em casa ou no lazer, por assim
dizer, não é tão diferente. As amizades estão cada vez mais virtuais, o videogame
não é um ato solitário ou em dupla, criam-se "party's" disputam-se torneios internacionais com milhares e
milhares de jogadores sem sair da poltrona. Nem mesmo para buscar o novo jogo
na loja... a loja é virtual pai, se liga...
A pizzaria digitalizou, mas não
basta estar no Rappi ou no Uber Eats, ela tem o atendimento tradicional por
telefone e um app proprietário feito pelo vizinho entre uma
"rankeada" e outra. Você pode até se perguntar mas não basta estar na
ferramenta de entrega? Não! Eles já perceberam que SÓ estar nessa ferramenta
lhe traz uma disputa e uma concorrência no melhor estilo “praça de alimentação de
shopping na véspera de Natal”. A pessoa que entra num app de delivery para
pedir uma pizza, pode migrar para um x-bacon, uma esfiha, um Yakisoba ou
qualquer variedade de guloseimas num piscar de olhos, por isso a pizzaria do Zé
tem seu app e quando pede-se por ele tem o maior desconto, até seu Zé sabe que
fidelizar o cliente é um caminho.
Não longe disso digitalizou-se
diversas interações que tínhamos no dia a dia, pouco a pouco, sem nos darmos
conta o telefone passou de ser um dispositivo de fala para escrita digital. A
notícia está digitalizada, a pesquisa está digitalizada, comprar ingresso para
qualquer evento a prioridade é do digital... Poucos vão nas bilheterias. Bancos
estão sendo atropelados, agendamentos de consultas, apostas em jogos de azar ou
falta de sorte, o jogo do bicho digitalizou. A simples compra no mercadinho da
esquina está digitalizada e um desconhecido bate na sua porta com suas compras
e escolhas de batata, banana e melão melhores do que se fosse você mesmo.
O Netflix, Amazon Prime assistir um
lançamento não é coisa de cinema mais o filme que você quiser ver pode ser
compartilhado e até mesmo os eventos ao vivo podem ser acompanhados por
milhares de pessoas comentando em uma segunda tela, muitas vezes
aproveitando-se do anonimato ou distanciamento para avacalhar e liberar o mais
podre de seu caráter, (“haters eu estou de olho em vocês”).
O sexo virtual te transporta para
outra realidade, óculos, luvas, sensores pélvicos e outros que tais fazem do
ato de se despir a necessidade de se vestir para ter prazer, para dar prazer, o
surubão de Noronha virou um zonão virtual em bali com a tiazinha na indonésia e
um senhor na Finlândia fingindo ser Artêmis a Deusa da Virgindade...
O remédio atua de forma calculada e
de acordo com micro-análises feitas em milésimos de segundo ele conversa com
seu celular de dentro do seu organismo, que discute com uma nuvem da Amazon que
está calculando todas as hipóteses possíveis para responder a esse nano-robô-suicida
que se explode ou não dentro de você de acordo com a resposta precisa...
"O PH está ok, pode soltar o pó aqui..." (Na verdade é mais assim
"100101101101010111110111000010001").
Mas isso é bom? Isso é ruim? As máquinas
vão tomar conta de tudo e nos expulsar para o centro da terra como em Matrix?
Ou nos exterminar no futuro (hasta la vista, baby)? Não sei? Isso só o futuro
dirá! Mas faço votos que os muros caiam e não se ergam ainda mais, que as
dúvidas sejam abertas e as pessoas aceitas em suas individualidades.
Termino aqui copiando e colando uma
frase e um trecho de música. (não é price tag, sinto muito).
A primeira é sobre software livre "In a word without Walls and fences
why windows and Gates?".
A segunda é mais romântica de. John
Lennon: "Imagine que não existem
países, não é difícil fazê-lo. Nada pelo que matar ou morrer, tão pouco
religiões. Imagine todos os povos vivendo em Paz! Você até pode achar que sou
um sonhador. Mas não sou o único..."